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15/03/2010

Projeto pioneiro poupa o desmatamento em propriedades pastoris de Rondônia Fonte Voz do Bico

Projeto pioneiro utilizando novas tecnologias para otimizar áreas de pastos já existentes promove o aumento da produtividade em pequenas e médias propriedades pastoris de Rondônia, poupando o desmatamento na Amazônia. A experiência vem sendo implementada em 22 propriedades do estado, como apoio e recursos do MMA, por meio do Subprograma Projetos Demonstrativos (PDA), vinculado ao Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais no Brasil (PPG-7), do Banco de Desenvolvimento Alemão( KFW) e Cooperação Técnica Alemã (GTZ). O sistema silvopastoril, como é chamado, foi uma iniciativa experimental, de caráter demonstrativo, iniciada em junho de 2006, com encerramento previsto para o final de 2009. 

O trabalho conduzido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia (Fetagro/RO) demonstra que, mesmo quando o assunto é criação de gado, é viável implementar sistemas que promovam a pecuária associada à agroecologia e que gerem renda alternativa aos pequenos e médios produtores. 

Realizado em nove municípios próximos a Ji-Paraná, segunda maior cidade de Rondônia, o projeto demonstrativo "Agricultores Familiares promovendo o Equilíbrio Ambiental em Rondônia" desenvolveu uma pesquisa para testar e descobrir que tipos de essências florestais (espécies vegetais) poderiam ser inseridas em pastos (sistema silvopastoril), com o objetivo de melhorar o microclima, promover maior rendimento econômico e evitar novos desmatamentos na floresta. 

A proposta inclui ainda o reflorestamento de matas ciliares, nascentes e áreas degradadas com vegetação nativa e frutíferas, o que ajuda a recompor a cobertura vegetal original e adequar as propriedades às exigências da legislação ambiental. 

Entre as espécies que se adaptaram bem às pastagens com alto nível de degradação destacam-se o cajá, ipê, cedro, cerejeira, jenipapo, ingá, pata de vaca, cumaru, mogno, jamelão, sete copas, mutambo e peroba. Já os diferentes tipos de palmeira, a bandarra e a copaíba, por exemplo, não alcançaram o mesmo resultado porque demoraram a crescer. 

O presidente da Fetagro/RO, Lázaro Dobri, explica que o projeto é feito com a combinação de árvores, pastagem e criação de gado numa mesma área, ao mesmo tempo, com o manejo realizado de forma integrada. Outro objetivo é incrementar a produtividade por unidade de área com a preservação do meio ambiente. Atualmente, a estimativa é de que há 1,6 cabeças de gado por hectare, e o projeto pretende aumentar este índice para 5,2 animais na mesma área. 

Para Dobri, não há outra alternativa melhor no momento, uma vez que a pecuária está consolidada no estado. "O sistema silvopastoril ameniza os problemas e os impactos dessa atividade, melhora a saúde do gado(que demora a ganhar peso e sofre estresse térmico devido ao calor excessivo da região, apresentando alterações fisiológicas graves), as condições de pastagem e promove uma recuperação parcial do meio ambiente", explica. 

O método utilizado pela maioria dos agricultores rondonienses é de pastagem ostensiva, que apresenta alto nível de degradação. Dobri considera fundamental a mudança do modelo convencional para uma metodologia agroecológica. "O consórcio de pastagens é importante, mas o mais importante é a recuperação de matas ciliares", acrescenta. 

De acordo com o analista ambiental do PDA/MMA Bruno Machado, a intenção do programa é promover iniciativas de experimentação que possam ser replicadas e servir de exemplos para outras áreas do País. "Buscamos a inovação destes projetos, que realmente têm um prazo estabelecido", disse.

O estado de Rondônia tem como principal atividade econômica a pecuária, além da agricultura. Ocupada especialmente a partir da década de 70 - quando o governo federal incentivou agricultores de todo o País a povoarem a Amazônia, com receio de perder território para outras nações que faziam fronteira com a floresta-, a região foi povoada sem planejamento por meio de desmatamento ostensivo, prática que até hoje persiste como modelo para abertura de novas fronteiras agrícolas. 

Um levantamento feito pelo IBGE demonstrou que, até 2004, 78% da cobertura vegetal original do estado estava desmatada. Cerca de 5 milhões de hectares estão ocupados por pastagens, e há uma forte tendência de haver aumento de desmatamento para ocupação de novas áreas para a pecuária. (Carine Corrêa)

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