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23/07/2010

Mancha da morte espalha-se no Golfo do México, nos EUA

Um pelicano banhado em óleo tenta voar sobre uma onda na Ilha de Louisiana, nos Estados Unidos. A ilha foi a primeira a declarar estado de emergência. A mancha de óleo espalha-se pelos estados de Alabama, Mississipi e Flórida.




Há dois meses, completos dia 20, cerca de 100 mil barris de petróleo derramam no mar do Golfo do México todos os dias, mas não se sabe o volume exato que jorra do poço danificado. A explosão da plataforma petrolífera Deepwater Horizont, da BP (British Petroleum) causou a morte de 11 tripulantes, mais de 600 espécies de animais estão ameaçadas e outras milhares morrem todos os dias.





Considerado o maior desastre ambiental e econômico dos EUA desde o vazamento em 1989 do petroleiro Exxon Valde, no Alasca, este tipo de acidente ocorre quando há uma falha no BOP (blowout preventer), uma grande válvula localizada na cabeça de poços de perfuração, que deve ser fechada caso o controle dos fluidos do reservatório seja perdido pela tripulação da plataforma. No caso da Deepwater Horizon, os desafios de retomar o controle do poço e parar o vazamento são muito grandes devido à lâmina d’água de trabalho (1500 metros) e da profundidade do poço (5400 metros).





Até agora os esforços para deter o vazamento têm sido em vão e é incerto se vai parar. Muito se fala nos bilhões de dólares gastos com a limpeza. Mas a “bomba atômica ambiental” vai muito além dos números. A catástrofe despertou uma sombra de culpa não só nos EUA, mas em todo o planeta. Afinal, quem não utiliza o petróleo, e quem está disposto a lutar pela independência dos combustíveis fósseis em favor da energia limpa, como a solar e eólica?





O colunista do New York Times, Thomas L. Fridman, foi categórico: “Se quisermos pôr fim a nossa dependência do petróleo, nós, como cidadãos, precisamos: pedalar para o trabalho, plantar uma horta, fazer alguma coisa. Por isso, o vazamento de petróleo é minha culpa. Sinto muito. Eu não fiz minha parte”.





Mais uma vez, os ambientalistas engrossam o coro e clamam para o capitalismo baixar a cabeça para a economia verde. O diretor-executivo da organização ambientalista norte-americana Sierra Club, Michael Brune, comparou o vazamento de petróleo com uma “boca de fogo decapitada”. O “que não sei é quantas vezes precisamos ter esta conversa” sobre vazamento de petróleo em lugares como o Golfo do México, o Oceano Ártico e o Rio Amazonas, disse afirmando que o vazamento marcou “o limite de nossa atração pelos combustíveis fósseis.





Numa entrevista num site político americano, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que a catástrofe "vai moldar como pensaremos sobre o meio ambiente para os próximos anos". “Da mesma maneira que fomos obrigados a rever nossas vulnerabilidades na política externa com o 11 de setembro, teremos que repensar, a partir desta imensa catástrofe, nossas posições sobre o meio ambiente e a energia nos próximos anos”, disse.















“Mate os pássaros”



A frase arranhou os ouvidos dos biólogos e voluntários que tentam salvar a vida dos pássaros afetados pelo vazamento de óleo no Golfo do México. “Matem, não limpem”, é a recomendação de uma bióloga alemã Silvia Gaus, que nesta semana disse que os esforços maciços para limpar pássaros cobertos de petróleo no Golfo do México não contribuirão muito para impedir que as criaturas sofram uma morte dolorosa e quase certa. Segundo ela, para o bem dos pássaros, seria “mais rápido e menos doloroso se os indivíduos que fazem o resgate dos animais os matassem”.



Estudos feitos sobre o assunto e outros especialistas apoiam sua opinião. Assim que fica coberto de petróleo, o pássaro usa o bico e a língua para remover a substância tóxica das suas penas. Apesar do gosto e do cheiro terríveis do petróleo, o pássaro mesmo assim tenta limpar-se, porque ele é incapaz de sobreviver sem as penas secas e fofas que repelem a água e regulam a temperatura do seu corpo. “O instinto da ave de limpar-se é maior do que o seu instinto de caçar e, enquanto as suas penas estiverem sujas de petróleo, ela não irá se alimentar”, diz Gaus, que há 20 anos trabalha com a recuperação de animais afetados por desastres como o do Golfo do México. Segundo estudos britânicos de vazamentos anteriores, o tempo médio de vida de um pássaro que é limpo e libertado é de apenas sete dias. (Com informações da Agência REBIA)









Vazamento faz Brasil rever planos de emergência





O governo brasileiro decidiu rever as diretrizes que regem os planos de emergência em todo o país para acidentes de poluição com petróleo. Criados em 2001 e revisados pela última vez em 2007, os planos de emergência são uma obrigação das empresas que fazem parte da cadeia do petróleo, mas cabe ao governo não apenas definir suas diretrizes como também aprovar o documento final.



A legislação brasileira exige que cada plataforma ou empreendimento no país tenha um plano de emergência individual. Já a aprovação de cada um desses documentos é responsabilidade do poder público.



Entre os principais pontos da revisão está uma mudança no conceito de probabilidade. Na nova versão do documento, acidentes de grandes proporções como o da BP serão tratados como um cenário "mais provável".



"É uma coisa que acontece. Esse é um cenário. A chance de acontecer é pequena, mas acontece. Então temos de estar preparados", diz Robson Calixto, oceanógrafo e analista do Ministério do Meio Ambiente.







'Falhas'



Enquanto a Petrobras se prepara para iniciar a exploração da camada do pré-sal - ainda mais profunda do que a atividade da BP no Golfo do México, especialistas do setor veem algumas "falhas" dentre as responsabilidades do governo brasileiro.



A principal delas é a inexistência de um Plano Nacional de Contingência para Derramamento de Óleo (PNC), mesmo depois de dez anos de ter sido exigido pela legislação.



Segundo especialistas, esse tipo de plano é "essencial" para países com grande exploração de petróleo, pois é ele que vai nortear as ações do poder público no caso de grandes vazamentos.



O documento consolida todas as atribuições de empresas e governos no caso de um acidente, sobretudo em episódios mais graves, envolvendo diversos Estados e municípios, por exemplo.

De acordo com Calixto, as reuniões entre o Ministério do Meio Ambiente e a Marinha ficaram mais frequentes desde o acidente no Golfo do México, e a expectativa é de que o PNC fique pronto até agosto. A candidata do Partido Verde à Presidência da República, Marina Silva, disse na última semana que o desastre no Golfo do México deveria servir de exemplo para a exploração do pré-sal no Brasil. (Com informações da BBC Brasil)

Leilane Marinho marinho.leilane@gmail.com

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